domingo, 31 de março de 2013

A Revolução Democrática de 31 de Março de 1964

Por Hélio de Alcântara Avellar*

Marcha com Deus, Família e pela Liberdade - março 1964
Em setembro de 1963 alguns sargentos amotinaram-se em Brasília, como reflexo da infiltração comunista nos quartéis.

A imprensa democrática denunciava o perigo, recordando o exemplo trágico dos húngaros.

Estudantes “profissionais” fomentavam greves, enquanto a maioria democrática deixava, pela quase omissão, que aqueles parecessem representar o pensamento geral do estudantado.

Para contrabalançar a propaganda subversiva vinda de emissoras oficiais, radiodifusoras de vários pontos do País congregam-se na Rede da Democracia.

A LIMDE (Liga das Mulheres Democráticas) impediu a realização de um congresso vermelho em Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, formara-se a CAMDE (Campanha da Mulher pela Democracia) – era a sensibilidade nacional despertando.

A 13 de março de 1964 realizou-se o Comício da Central, no Rio, ainda capital política e cultural, concorrendo empresas estatais para fazer confluir ao local massas de operários.

Os cartazes agitados pela “massa de manejo” exigiam da administração “Reformas e já”, “Legalidade para o Partido Comunista (P.C.)”.

S. Paulo reagiu, a 18, através da primeira Marcha da Família com Deus Pela Liberdade.

Mas a 25, no Sindicato dos Metalúrgicos, no Rio, praças da Marinha solidarizaram-se com colegas punidos disciplinarmente. A 27 prometeu o Presidente não punir os amotinados. O Ministro da Marinha exonera-se. Os sediciosos, postos em liberdade, promovem “passeata”. A 30, o Clube Naval expediu manifesto, apoiado pelo Clube Militar, denunciando a quebra da disciplina e a ameaça às instituições: a hierarquia das Forças Armadas preparava-se para exercer, mais uma vez, a função de Poder Moderador, incluída no costume político-administrativo da República nos casos extremos de regime em perigo.

A fidelidade ao regime sobrepunha-se à obediência ao governo que se omitia.

Em outro comício, líderes comunistas e graduados das Forças Armadas homenagearam Jango, que, no Automóvel Clube, no Rio, pronunciou destemperado discurso.

Mas os democratas não ficaram inertes. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Uma circular reservada do chefe do Estado-Maior do Exército, General Humberto de Alencar Castelo Branco, revela a infiltração subversiva nas Forças Armadas.

Em Minas Gerais, sob a direção civil do Governador Magalhães Pinto, e militar dos Generais Carlos Luís Guedes e Mourão Filho, começou a ação militar da Revolução Democrática, a 31 de março. São Paulo aderiu. Em Recife, o dispositivo armado pelo Governador Miguel Arrais foi completamente jugulado pela atuação do IV Exército. Na Guanabara, o Governador Carlos Lacerda preparava-se para resistir em palácio às tropas ainda obedientes ao governo em desagregação, que não atacaram. No Rio Grande do Sul, o Governador aderiu à revolução, enquanto a guarnição federal se mantinha em expectativa.

O I Exército, deslocado para conter as colunas revolucionárias vindas de Minas e São Paulo, confraternizou. Fôra a mais rápida revolução nacional: a 1º de abril caía Goulart.

Logo fugiu para Brasília, daí para Porto Alegre e, a 4, na condição de asilado político, abrigou-se em Montevidéu.

Outra vez, interinamente, assumiu a presidência da República o Deputado Mazzili.


* HÉLIO DE ALCÂNTARA AVELLAR é Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, Bacharel em Direito, Professor do Colégio Pedro II, Professor do Ensino Técnico Federal, Membro da Comissão Nacional de Moral e Civismo.


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